Às vezes, paro tudo. A correria, os barulhos, as obrigações — e fico olhando o nada.

Sabe aquele nada que parece respirar mais que você?

É nesses momentos que sinto: talvez, só talvez, estejamos todos vivendo dentro do sonho de um Deus que adormeceu… e esqueceu que sonhava.


Talvez sejamos pensamentos perdidos.

Talvez sejamos ecos de algo maior, tentando lembrar quem éramos antes de sermos esquecidos.


O Que Isso Quer Dizer?

A vida — essa coisa estranha que pulsa dentro de nós — muitas vezes parece sem roteiro, sem sentido lógico.

As dores, as despedidas, os encontros, a solidão, o amor — tudo acontece como se não tivesse dono.

Mas e se nós fôssemos parte de um sonho que perdeu o sonhador?

Não é difícil acreditar.

Quantas vezes você já sentiu que a vida é real demais para ser apenas um acaso… mas caótica demais para ser um plano?

O despertar espiritual começa quando você para de fingir que entende tudo.

E aceita que talvez, só talvez, a nossa existência seja um poema inacabado.

O Sonhador que Se Perdeu

Se Deus — ou a Consciência Universal, como quiser chamar — nos criou como extensão de seu sonho, o que acontece quando Ele adormece mais profundamente?

Somos parte dele ainda?

Ou nos tornamos independentes, como filhos que já não sabem quem são seus pais?

Estamos sonhando nossos próprios sonhos ou apenas vivendo as sobras de uma criação esquecida?

Há uma solidão secreta que nasce daí.

Mas também uma liberdade brutal: ninguém está nos assistindo o tempo todo.

Talvez sejamos mais livres do que jamais ousamos imaginar.

A Imensidão do Vazio

Às vezes, o vazio que sentimos dentro da alma não é falta de algo terreno.

Não é falta de dinheiro, de amor, de sucesso.

É saudade de uma memória que nunca tivemos.


É como se, no fundo do nosso ser, soubéssemos que pertencemos a outro lugar — ou a outro estado de consciência — e que esta vida é só um eco distante disso.

E é aí que a busca começa.

Não por respostas fáceis, não por fórmulas mágicas.

Mas por um reencontro interno.

Por um lar que talvez nunca mais lembremos… mas ainda sentimos.


E Se Formos Os Deuses Agora?

Se o sonhador adormeceu… talvez nós sejamos os herdeiros do sonho.

Talvez a vida esteja esperando que assumamos o papel de cocriadores.

Talvez a nossa dor, a nossa saudade, seja a senha secreta que nos desperta para o nosso verdadeiro poder.


Talvez a responsabilidade seja agora toda nossa.


Somos nós quem precisamos dar sentido às histórias.

Somos nós quem precisamos lembrar do que fomos feitos: não de carne apenas, mas de estrelas, de mistérios, de silêncio.

O sonho continua.

Mas agora, somos nós que o estamos sonhando.


A Solidão e o Milagre

Entender que podemos estar vivendo num sonho esquecido pode parecer assustador.

Mas também pode ser o mais puro dos milagres.

Porque, se estamos sós, estamos livres.

Livres para amar sem garantias, para criar sem limites, para viver como se cada segundo fosse uma prece viva.


Ninguém vai descer do céu para nos salvar.


Talvez o paraíso sempre tenha sido interno.

Escondido, não na eternidade futura, mas na intensidade presente.


Como Acordar Dentro do Sonho?

Talvez não precisemos acordar.

Talvez o verdadeiro despertar seja simplesmente viver sabendo que estamos dentro de um mistério.

Viver conscientes de que cada gesto é uma palavra escrita no livro do universo.

Cada escolha, uma pincelada na pintura infinita.

Aceitar a ignorância sem desespero.

Abraçar o mistério sem precisar entender.

Amar a vida, mesmo sabendo que talvez ela seja apenas um sopro passageiro.

Esse é o despertar mais real que existe.


Conclusão: Somos o Sonho Vivo

Se somos parte do sonho de um Deus que se esqueceu,

se somos pensamentos livres flutuando num oceano de existência,

então somos também sementes de eternidade.

Não precisamos ter todas as respostas.

Só precisamos viver como se fôssemos, ainda, o pedaço consciente do sonho.

Criar, amar, sentir — sabendo que tudo é breve, mas nada é em vão.

A vida não precisa ser decifrada.

Ela precisa ser sentida.

E talvez, um dia, quando o Sonhador acordar, Ele sorria ao ver que nunca estivemos realmente perdidos.

Apenas brincando de sermos humanos.